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Câncer de bexiga: fatores de risco

O câncer de bexiga é o décimo tipo de câncer com maior incidência no mundo inteiro. A doença atinge as células deste órgão, integrante do aparelho urinário. O câncer de bexiga mais comum é o carcinoma urotelial, que atinge o tecido interior da bexiga e representa mais de 90% dos casos da doença. Normalmente, ele aparece como um tumor superficial e tende a se manter na mucosa e submucosa da bexiga.

Todo ano, mais de 11 mil novos casos de câncer de bexiga são diagnosticados no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca).

Entre 2019 e 2022, a doença matou mais de 800 mil pessoas no mundo e mais de 19 mil no Brasil, segundo dados do SIH, Sistema de Informações do Ministério da Saúde.

O câncer de bexiga é uma doença em que células malignas se desenvolvem nos tecidos da bexiga. A bexiga é um órgão localizado na parte inferior da barriga, responsável por armazenar a urina produzida pelos rins antes de ser eliminada do corpo, através do xixi.

Existem alguns tipos de câncer de bexiga, classificados com base no tipo de células onde o câncer se inicia:

  • carcinoma urotelial (de células de transição): é o tipo mais comum e  tem início nas células que revestem o interior da bexiga (uroteliais).
  • carcinoma de células escamosas: é menos comum e está frequentemente associado, erroneamente, a irritações crônicas e infecções da bexiga.
  • adenocarcinoma: também raro, este tipo de câncer se desenvolve nas células que liberam substâncias para a bexiga.
  • carcinoma de células pequenas: é um tipo raro de câncer que se desenvolve nas células nervosas e produtoras de hormônios da bexiga.

Câncer de bexiga: incidência

A bexiga é um órgão oco constituído por uma camada muscular (o músculo detrusor) e revestida internamente por uma mucosa, o urotélio. Situa-se na pelve, à frente do intestino grosso.

Possui dupla função: armazenar o xixi, que chega dos rins através dos ureteres, e contrair-se para expelir a urina armazenada. De modo geral, os tumores malignos da bexiga instalam-se na mucosa, não na camada muscular.

Os tumores de bexiga são duas a três vezes mais comuns nos homens do que nas mulheres e duas vezes mais frequentes nos brancos do que nos negros. O pico de incidência deste tipo de câncer ocorre entre os 60 e 70 anos de idade; mais de 90% dos pacientes recebem o diagnóstico depois dos 55 anos de idade.

O câncer de bexiga normalmente se instala sob a forma de um ou mais tumores pequenos e superficiais, confinados à mucosa de revestimento interno.

Como em alguns tipos de câncer, o tumor inicial pode apresentar-se como carcinoma in situ, lesão formada por células malignas que ainda não invadiram as camadas mais profundas do órgão.

Segundo o Inca, homens brancos e de idade avançada (entre 60 e 70 anos de idade) são o grupo com maior risco de desenvolver esse tipo de câncer. O uso de cigarro pode triplicar o risco em comparação a nunca fumar.

A exposição a diversas substâncias químicas também está ligada ao desenvolvimento do câncer de bexiga. A detecção de forma precoce do câncer possibilita maior chance de tratamento.

Sinais e sintomas do câncer de bexiga

Ilustração gráfica de região da bexiga: o câncer de bexiga pode apresentar um ou mais sintomas
Ilustração gráfica de região da bexiga: o câncer de bexiga pode apresentar um ou mais sintomas

O câncer de bexiga pode apresentar um ou mais destes sintomas: 

  • Sangue na urina

Na maioria dos casos, sangue na urina é o primeiro sinal de alerta do câncer de bexiga. Muitas vezes, não há uma quantidade de sangue suficiente para alterar a cor da urina, sendo possível identificar somente durante exames de urina realizado por outros sintomas ou como parte de um exame médico de rotina.

No entanto, dependendo da quantidade de sangue, a urina pode ter uma cor alaranjada ou vermelha escura, menos frequente, chegando à cor marrom. 

A presença do sangue na urina não é constante, isso é, ele pode estar presente em um dia e ausente no outro. Por isso, a urina pode ser clara por semanas.

No caso do câncer de bexiga, o sangue, eventualmente, reaparece.

Em geral, os estágios iniciais de câncer de bexiga causam pouco sangramento, e pouca ou nenhuma dor.

Importante ressaltar que ter sangue na urina não significa ter câncer na bexiga. A hematúria (sangue na urina) pode ser causada por diversos motivos, como infecção, tumores benignos, cálculos renais ou outras doenças benignas do rim. Portanto, na presença de sangue na urina é vital buscar atendimento médico, com um urologista para o diagnóstico preciso. 

  • Mudanças nos hábitos urinários

O câncer de bexiga também pode provocar alterações na micção, como:

  1. Urinar com frequência maior que a habitual.
  2. Sensação de dor ou queimação ao urinar.
  3. Urgência em urinar, mesmo que a bexiga não esteja cheia.
  4. Problemas para urinar ou pouco fluxo de urina.

Esses sintomas também podem ser ocasionados por alguma doença benigna, como infecções, tumores benignos, cálculo na bexiga, bexiga hiperativa ou por aumento de tamanho da próstata.

Ainda assim, é importante procurar um urologista, para que a causa seja diagnosticada e tratada.

  • Sintomas de câncer de bexiga avançado (h3)

O câncer de bexiga em estágio avançado pode provocar outros sintomas, tais como:

  1. Impossibilidade de a pessoa urinar.
  2. Dor na lombar.
  3. Perda de apetite e de peso.
  4. Fraqueza.
  5. Inchaço nos pés.
  6. Dor óssea.

Se houver alguma razão para suspeitar que uma pessoa possa estar sofrendo de câncer de bexiga, o urologista vai solicitar exames complementares para diagnosticar se é câncer ou não.

Em caso de suspeita de câncer, exames complementares serão realizados para o estadiamento da doença.

Câncer de bexiga: fatores de risco e prevenção

Idade e raça – Homens brancos e de idade avançada são o grupo com maior probabilidade de desenvolver esse tipo de câncer.

Exposição a diversos compostos químicos, como aminas aromáticas, azocorantes, benzeno, benzidina, cromo/cromatos, fumo e poeira de metais, agrotóxico, óleos, petróleo, droga antineoplásica, tintas, 2-naftalina e 4-aminobifenil. 

Os trabalhadores da agricultura, construção, fundição, extração de óleos e gorduras animais e vegetais, sapatos, manufatura de eletroeletrônicos, mineração, siderurgia; indústria têxtil, de alimentos, alumínio, borracha e plásticos, sintéticos, tinturas, corantes, couro, gráfica, de metais, petróleo, química e farmacêutica, tabaco; cabeleireiros e barbeiros, maquinistas, motorista de caminhão e de locomotiva, pintor, trabalhador de ferrovias, trabalho no forno de coque e tecelão podem apresentar risco aumentado de desenvolvimento da doença.

Não fumar e evitar o tabagismo passivo são dois fatores de prevenção do câncer de bexiga. O tabagismo passivo consiste na inalação da fumaça de produtos derivados do tabaco por não fumantes que convivem com fumantes em ambientes fechados. 

No Brasil é proibido o uso de qualquer produto fumígeno, derivado ou não do tabaco, em recinto coletivo fechado, privado ou público.

Não se expor aos derivados do petróleo (tintas, por exemplo).

Detecção precoce

A detecção precoce do câncer de bexiga é uma estratégia para encontrar o tumor numa fase inicial e, assim, possibilitar maior chance de tratamento.

A detecção pode ser feita por meio da investigação com exames clínicos, laboratoriais ou radiológicos, de pessoas com sinais e sintomas sugestivos da doença (diagnóstico precoce), ou com a utilização de exames periódicos em pessoas sem sinais ou sintomas (rastreamento), mas pertencentes a grupos com maior chance de ter a doença (por exemplo, em tabagistas).

A investigação de exames de urina detecta sangue microscópico, denominada microhematúria, pode ser importante.

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico do câncer de bexiga passa por exames de urina e de imagem, e cistoscopia (investigação interna da bexiga por um instrumento dotado de câmera). Na cistoscopia podem ser retiradas células para biópsia.

A probabilidade de cura dependerá do estadiamento (extensão) do câncer e da idade e saúde geral do paciente.

As opções de tratamento dependem do grau de evolução da doença.

A cirurgia pode ser de três tipos: ressecção transuretral (quando o médico remove o tumor por via uretral), cistectomia parcial (retirada de uma parte da bexiga) ou cistectomia radical (remoção completa da bexiga, com a posterior construção de um novo órgão para armazenar a urina).

A maioria dos casos é de lesões iniciais. Após remoção total do tumor o médico pode administrar a vacina BCG dentro da bexiga para tentar evitar a recorrência da doença.

Outra alternativa é a radioterapia, que pode ser adotada nos tumores mais agressivos como técnica para tentar preservar a bexiga.

A quimioterapia também pode ser sistêmica (injetada na veia) ou intravesical (aplicada diretamente na bexiga através de um tubo introduzido pela uretra).

Acompanhamento

O acompanhamento pós-tratamento deve ser realizado com métodos de imagem, como USG de abdome ou TC de abdome e tórax, e exames laboratoriais, com avaliação de enzimas hepáticas, hemograma completo, função renal e marcadores tumorais.

Em caso de tumores de alto grau pode-se utilizar também a citologia urinária como forma de monitoramento e visando detecção de carcinoma in situ. 

A periodicidade irá variar, podendo ter intervalos de 3 meses, 6 meses ou 1 ano, dependendo dos sintomas e da evolução ou retrocesso da doença.