A micção é um processo fisiológico fundamental que envolve a eliminação da urina do nosso corpo. Embora a maioria das pessoas considere a micção uma função automática, o controle de micção eficaz é essencial para a saúde urológica e, muitas vezes, reflete nossa qualidade de vida.
Neste artigo, abordaremos o que é o controle de micção, sua importância, as alterações que podem ocorrer e algumas estratégias para manter um controle saudável.
O que é controle de micção?
O controle de micção refere-se à habilidade do corpo de armazenar e excretar urina de forma adequada. Esse processo é coordenado pelo sistema nervoso e envolve diversos músculos, incluindo a bexiga e o esfíncter uretral (músculo responsável por comprimir a uretra, o “canal da urina”).
O funcionamento adequado desse sistema permite que a urina seja armazenada até o momento dedicado à micção voluntária.
Importância do controle de micção
Um controle adequado da micção é importante por várias razões:
Saúde física: o controle da micção ajuda a prevenir infecções urinárias e outras complicações urológicas. Problemas como incontinência ou retenção urinária podem causar desconforto e necessidade de tratamentos médicos.
Saúde emocional: a capacidade de controlar quando e como urinar influência na vida social e emocional. A incontinência, por exemplo, pode causar ansiedade e constrangimento, levando ao isolamento social. Especialmente em idosos, a perda involuntária de urina pode ser humilhante.
Qualidade de vida: manter um controle saudável da micção permite que os indivíduos participem plenamente de atividades diárias e sociais, sem preocupação constante sobre a acessibilidade dos banheiros.
Alterações no controle de micção
Existem várias condições que podem influenciar o controle de micção, entre elas:
Incontinência urinária: caracterizada pela perda involuntária de urina, essa condição pode ser causada por fatores como envelhecimento, gravidez, parto, cirurgias, entre outros.
Hiperatividade da bexiga: Condição em que a bexiga se contrai involuntariamente, resultando em uma necessidade frequente e urgente de urinar, muitas vezes acompanhada de vazamentos.
Retenção urinária: dificuldade em esvaziar completamente a bexiga, que pode levar a infecções e danos renais se não for tratado.
Disfunção do esfíncter: problemas com os músculos do esfíncter podem resultar em dificuldade para iniciar ou interromper a micção. A capacidade de armazenar urina pode ficar comprometida, levando à grandes perdas.
Causas comuns de problemas na micção
O controle da micção pode ser afetado por diversos fatores fora do trato urinário, incluindo:
Fatores neurológicos: doenças como esclerose múltipla, Parkinson e lesões medulares podem interferir na comunicação entre a bexiga e o sistema nervoso.
Condições médicas: diabetes, infecções do trato urinário e distúrbios de próstata são algumas das condições que podem impactar o controle da micção.
Estilo de vida: hábitos como o consumo excessivo de cafeína, álcool ou líquidos, além da falta de exercícios, podem contribuir para problemas urinários, mais comumente levar a perdas.
Estratégias para melhorar o controle de micção

O treinamento da bexiga para fortalecer o controle da micção pode ser muito útil. Essa técnica envolve aumentar gradualmente os intervalos entre as idas ao banheiro.
Exercícios de Kegel: fortalecer os músculos do assoalho pélvico ajuda a melhorar o controle da micção, especialmente em casos de incontinência.
Alterações na dieta: reduzir o consumo de irritantes da bexiga, como cafeína e alimentos picantes, pode ajudar a controlar melhor a micção.
Hidratação adequada: beber quantidade certa de água é fundamental. A desidratação ou o consumo excessivo de líquidos pode afetar o controle da micção.
Tratamento médico: consultar um urologista é fundamental para o diagnóstico e o tratamento adequado de quaisquer problemas relacionados à micção.
Eles podem sugerir medicamentos ou terapias específicas, conforme necessário.
Os distúrbios miccionais afetam o armazenamento da urina ou sua eliminação; ambos são controlados pelos mesmos mecanismos neurais e do trato urinário.
Para a função urinária normal, o sistema nervoso voluntário e autônomo deve estar intacto e os músculos do trato urinário devem estar funcionando.
Normalmente, o enchimento da bexiga estimula os receptores de estiramento na parede da bexiga a enviarem impulsos por meio dos nervos espinais S2 a S4, para a medula espinal, depois para o córtex sensorial, em que a necessidade de urinar é percebida.
Um limiar de volume, que difere de um indivíduo para outro, desencadeia a percepção da necessidade de urinar. Contudo, o esfíncter urinário externo do colo vesical está sob controle voluntário e habitualmente permanece contraído até o indivíduo decidir urinar.
Estilo de vida: hábitos como o consumo excessivo de cafeína, álcool ou líquidos, além da falta de exercícios, podem contribuir para problemas urinários.
Centro de inibição da micção no lobo frontal também ajuda o controle da micção

O centro de inibição da micção no lobo frontal também ajuda o controle da micção. Quando a decisão é tomada, os sinais voluntários no córtex motor iniciam a micção.
Esses impulsos são transmitidos para o centro miccional pontino, que coordena sinais simultâneos para contrair o músculo liso detrusor por toda a bexiga (via fibras nervosas colinérgicas parassimpáticas) e para relaxar o esfíncter interno (via fibras nervosas alfa simpáticas) e o músculo estriado do esfíncter externo e do assoalho pélvico.
Além de uma função urinária normal, a continência e a micção normais necessitam de função cognitiva normal (incluindo motivação), mobilidade, acesso a banheiro e destreza manual.
A lesão ou a disfunção de qualquer componente envolvido na função urinária podem causar incontinência urinária ou retenção.
Micção normal: contração coordenada da bexiga e relaxamento do esfíncter uretral
Na maior parte do tempo ocorre o enchimento da bexiga, o que requer que ela esteja relaxada para receber a urina produzida pelos rins. O esfíncter urinário se encontra contraído, e assim não há passagem de urina.
Quando se quer urinar, então o esfíncter urinário tem que relaxar, afrouxando a pressão sob a uretra, e permitindo o fluxo de urina. Ao mesmo tempo, a bexiga se contrai, produzindo o jato de urina pela uretra.
O sistema nervoso central inibe a micção até o momento apropriado, coordena e facilita as mensagens enviadas pelo trato urinário inferior para começar e finalizar a micção.
O sistema nervoso simpático contrai o esfíncter do músculo liso. O sistema nervoso parassimpático contrai o músculo detrusor da bexiga através de fibras colinérgicas. O sistema nervoso somático contrai o esfíncter de músculo estriado através de fibras colinérgicas oriundas do nervo pudendo.
Os rins produzem urina constantemente, que flui através de dois tubos para a bexiga, onde a urina é armazenada.
A parte mais baixa da bexiga (o colo da bexiga) é rodeada por um músculo (esfíncter urinário) que permanece contraído para manter fechado o canal que transporta a urina para o exterior do corpo (a uretra), de forma que a urina é retida na bexiga até estar cheia.
Quando a bexiga está cheia, as mensagens se deslocam ao longo da bexiga para a medula espinhal. As mensagens são, então, transmitidas para o cérebro e a pessoa se conscientiza que tem que urinar.
A pessoa que controla a micção pode decidir de forma consciente e voluntária se quer eliminar a urina da bexiga ou retê-la por algum tempo.
Quando se decide urinar, o músculo do esfíncter relaxa e deixa que a urina flua pela uretra, ao mesmo tempo em que os músculos da bexiga se contraem para expulsar a urina para o exterior.
Os músculos da parede abdominal e do assoalho pélvico também podem se contrair voluntariamente para aumentar a pressão sobre a bexiga.
Diversas doenças são capazes de interferir no controle da diurese, entre elas:
Cistite intersticial
Bexiga neurogênica
Incontinência e retenção urinária